A Osteopatia e o tratamento de dor de cabeça em crianças

Cerca de 13 milhões de brasileiros têm dores de cabeças diárias, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE). E engana-se quem pensa que o problema é exclusividade dos adultos. Na infância esse tipo de dor também é muito comum. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP-International Association for the Study of Pain)  classifica a dor de cabeça em 12 subtipos, sendo quatro de situações primárias, entre elas as mais frequentes: a cefaleia tensional e a enxaqueca (migrânea).

De acordo com um estudo de Sillanpää & Saarine, divulgado em 2017, um grupo de 1.185 crianças com sete anos de idade mostrou que 4% delas tinham enxaqueca e 24% apresentavam cefaleia não enxaquecosa. A mesma pesquisa revelou que a presença dessas dores na infância aumentam em 3,4 vezes as chances de enxaqueca nos adultos, assim como em 1,8 vezes a possibilidade de cefaleias. Segundo o Osteopata Pediátrico Dr. Mauro Gemelli, estatisticamente as cefaleias tensionais são as mais frequentes entre as crianças. “Essa dor ocorre em toda a cabeça [frente e atrás] e não piora com exercício, assim como não incapacita a criança. Já no caso da migrânea, há um padrão de dor mais unilateral da cabeça, que pode durar até três dias, piora com o exercício e a criança fica indisposta. Ela se queixa de dor quando está em lugares barulhentos e muito iluminados, assim como se recolhe, quer dormir e ficar em lugares calmos”, explica Gemelli.

Normalmente, as cefaleias tensionais têm origem das disfunções das vértebras cervicais e podem causar, às vezes, disfunções da abertura da boca (ATM), que podem resultar no bruxismo, por exemplo. No que se refere à enxaqueca, de acordo com o Osteopata Pediátrico, ela possui um padrão de visceral, migrâneo ou o enxaquecoso abdominal na criança está relacionado ao intestino. “Muitos bebês têm cólicas desde o nascimento e isso pode desencadear outras dores pelo corpo, como a abdominal e a dor de cabeça ao longo do tempo. Ou seja, a criança que teve esses problemas desde nascimento tem maior propensão a ter dor de cabeça ”, observa.

 
Como identificar a dor de cabeça na criança?

Segundo Gemelli, a doença pode ser identificada depois dos quatro anos de idade, quando a criança já consegue reclamar que a cabeça está doendo. “Antes dessa idade não há um questionário específico que consegue constatar se ela realmente está sentindo a dor. Por isso, os pais devem ficar de olho no comportamento dela, se ela está com falta de apetite, se está tendo náusea, se mudou de humor, por exemplo. Além disso, crianças com dor de cabeça podem apresentar sensibilidades alimentares, elas acabam recusando determinados alimentos justamente pelo fato de sentirem dor e também podem ter dificuldades para dormir”, destaca.

De acordo com ele, é muito importante o diagnóstico da cefaleia tensional e da enxaqueca na criança para que o tratamento seja eficaz. “Muitas vezes, os pais dão a medicação à criança, no entanto, isso só vai aliviar a dor que ela está sentindo, não trata a causa do problema. E isso pode resultar numa enxaqueca crônica ou uma cefaleia permanente, doenças mais complicadas de se tratar quando comparadas a uma crise dor. Por isso, quanto mais cedo conseguimos identificar os tipos de cefaleias é mais fácil de realizarmos o tratamento.”

A Osteopatia e o tratamento 

A Osteopatia faz uma abordagem diferente em casos de cefaleia tensional e enxaqueca, ela procura, identifica a causa do problema para tratá-lo. “Geralmente, o tratamento dessas doenças é realizado com o uso de medicamentos. No entanto, na Osteopatia elas são caracterizadas como problemas mecânicos. Por exemplo, a criança sofre o trauma do parto (cesárea ou normal), em que ocorre tipos diferentes de força e exigem dela um esforço para se recuperar logo depois do nascimento, como a compressão e força na cabecinha dela. No caso da cesárea, a tração na cabecinha pode desencadear a dor de cabeça. Ainda não há nenhuma pesquisa científica neste sentido, mas é algo que investigamos na Osteopatia para tentar identificar se existe alguma relação com o nascimento”, comenta Gemelli.

O tratamento Osteopático é focado nas tensões mecânicas do corpo, que atrapalham a entrada e saída do sangue, assim como da linfa – líquido transparente ou de coloração clara com aspecto leitoso, que circula lentamente através dos vasos linfáticos. “A tensão sobre membranas que interrompem esses movimentos pode acumular líquidos em algum lugar, gerar energia e, consequentemente, desencadear a dor de cabeça, a crise de enxaqueca”, observa.

Segundo o Osteopata Pediátrico, a criança pode ter uma cefaleia e ser associada à enxaqueca. “O gatilho dessa doença é a cefaleia. Na Osteopatia realizamos o tratamento de uma maneira simples, sem o uso de medicamentos, através de técnicas suaves, sem machucar a criança, devolvendo ao corpo dela a capacidade de auto circulação. Quando há uma tensão mecânica, a retiramos e a  parte circulatória se normaliza. Ou seja, a sujeira para de dar dor naquela região e   a criança pode parar de ter dor, assim como diminui a intensidade da enxaqueca.