O papel da enfermeira durante a amamentação

Amamentar é um ato de amor. Você provavelmente já ouviu ou leu essa frase em algum lugar, e não costumam existir dúvidas a respeito do valor que o gesto tem. Porém, além de amor, o processo de amamentação envolve confiança, dedicação, apoio e muita informação. Nesse momento, as mães precisam de suporte e a enfermagem tem um papel essencial na conscientização delas.

Segundo a enfermeira Daniele Aggio Oyama, especialista em aleitamento materno, o acompanhamento, a orientação e a avaliação desta profissional no pré-natal reduz os problemas durante a amamentação. “Acompanhar a mãe em relação à pega correta na hora da amamentação, evita as fissuras do tecido mamário, algo que provoca dor na hora de amamentar. Além disso, alguns cuidados básicos podem diminuir as dificuldades. É o caso da posição para a amamentação, a qual a mãe deve se sentar num local confortável e sem barulho, colocar um apoio nas costas para que não fique muito deitada. As almofadas de amamentação também ajudam a apoiar o bebê e auxiliam a mulher para não fazer muito esforço”, observa.

Ela orienta ainda em relação à forma como a mãe posiciona o seio materno, fazendo com que o bebê alcance a maior parte da aréola dentro da boca, com o narizinho livre. “Isso facilita a sugação correta e evita os engasgos”, acrescenta.

De acordo com ela, diferentemente do que se idealiza, muitas vezes, as mulheres se deparam com alguns desafios que podem desestimular a amamentação. Não raro, os bicos dos seios racham e doem no começo, além do cansaço físico e emocional da mãe e a cobrança da sociedade e da família. Há motivos de sobra para insistir na prática. Para começar, os benefícios para a saúde do bebê, já que o leite materno carrega nutrientes e garante os anticorpos essenciais de que ele precisa. “A proximidade e o aconchego no momento da mamada reforçam o vínculo entre mãe e bebê. Sem contar [por que não?] o empurrãozinho que a amamentação proporciona na recuperação da mulher depois do parto. Uma vez superados os obstáculos iniciais, tudo fica mais simples e gostoso. O acompanhamento da  enfermeira,  aumenta as chances do aleitamento materno exclusivo”, destaca Daniele.

A especialista explica que a nova orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) se baseia nas vantagens que a liberdade de horário na alimentação do recém-nascido traz. “Geralmente, a criança que mama, quando quer, perde menos peso depois do nascimento e estimula mais a lactação da mãe. Dessa maneira, a apojadura que seria a descida do leite e a produção láctea, são melhores e mais adequadas. A livre demanda também previne a dor e o endurecimento da mama pelo leite congestionado, além de colaborar para conter a ansiedade do bebê, que prejudica todo o processo. Quando a criança vai ao peito com muita fome e vontade é comum que ela machuque o seio da mãe”, ressalta.

Segundo ela, a recomendação de alimentar o bebê em intervalos regulares de três horas é mais adequada aos casos em que ele está sendo alimentado com fórmulas infantis, orientado pelo pediatra. “O leite materno é fácil de digerir, logo ele sente fome antes. É necessário que os pais reconheçam esses sinais e aprendam a diferenciá-los de outros tipos de choro”, comenta.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite materno deve ser oferecido até os seis meses de idade como o titular da alimentação. Depois, o alimento deve ser mantido, mas começa também a introdução de papinhas e outras alternativas, até que a criança complete dois anos. No Brasil, os números indicam que essa recomendação está longe de ser seguida. “Em média, as mulheres conseguem amamentar apenas até os dois meses”, lamenta.

 

Daniele Aggio Oyama – Enfermeira especialista em neonatologia pediatria e aleitamento materno. Laserterapeuta com objetivo na cicatrização mamária. Contato: (41) 9903-3474. Acesse o site www.amamentababy.com.br.